Lição 1 - O Homem - Corpo, Alma e Espírito - EBD CPAD 2025 4º Trimestre
A lição que
abordará o ser humano criado por Deus de forma tricotômica: corpo, alma e
espírito. Aqui, estudaremos a distinção e a interação entre essas três
dimensões, destacando que fomos formados para glorificar a Deus integralmente.
Enfatizaremos a relevância de uma vida equilibrada e santa em todas as áreas do
ser.
TEXTO ÁUREO
“E o mesmo Deus
de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam
plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo.”
(1 Ts 5.23)
VERDADE PRÁTICA
Deus nos fez
corpo, alma e espírito para glorificá-lo eternamente com todo o nosso ser.
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Gênesis
1.26-28; 2.7,18,21-23
26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27 - E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 - E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
18 - E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.
21 - Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.
22 - E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.
23 - E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.
INTRODUÇÃO
Deus criou o
homem de forma especial, com um propósito especial (Gn 1.27,28), como um ato de
coroamento de sua criação. E fez isso de maneira sublime e distinta em relação
a todos os demais seres viventes. Muito além da expressão “produza a terra”, a
partir da qual foram criados os animais (Gn 1.24), o homem é resultado de uma
ação divina, pessoal e plural (Gn 1.26). Sua formação é constituída de uma
modelagem sobrenatural — “do pó da terra” — e pelo sopro de Deus em seus
narizes (Gn 2.7). Neste trimestre, estudaremos essa solene, maravilhosa e
exclusiva criação, bem como a importância de uma vida equilibrada e saudável no
espírito, na alma e no corpo, sob a perspectiva cristã. Abordaremos a Queda e a
Redenção, firmados na esperança de nosso completo, iminente e eterno retorno ao
Criador (1 Ts 4.15-17).
PALAVRA-CHAVE
Tricotomia
1. Doutrina e
teologia. A Doutrina do Homem está fundamentada em toda a Escritura, numa
revelação suficiente para demonstrar quem é o homem, como foi criado e com que
propósito (Gn 1.26–29; 2.15; Sl 8.3–9; Ef 1.3–6). No campo da Teologia
Sistemática, ela é conhecida como Antropologia Bíblica, que estuda o homem
desde sua origem, constituição e existência, considerando o período anterior à
Queda, o pecado original e suas consequências, o plano redentor e a eternidade.
Relaciona-se com todas as outras grandes doutrinas da Bíblia e responde às
intrigantes e milenares perguntas: Quem é o homem? De onde veio? Para onde vai?
Em um tempo de
tanta psicologização da fé e intensa busca de respostas para os problemas
humanos em concepções não cristãs, um piedoso e profundo estudo das Escrituras
é cada vez mais necessário e urgente, a fim de desfazer toda e qualquer dúvida
existencial e gerar uma fé bíblica genuína, sadia e equilibrada (1 Co 2.1–16; 2
Tm 3.16,17; Hb 4.12).
2. A tríplice
natureza. A teologia utiliza o termo “tricotomia” para tratar da tríplice
constituição do ser humano: o corpo, a alma e o espírito. Essas três
substâncias, ou componentes do homem, são descritas tanto no Antigo quanto no
Novo Testamento (Dt 4.9; Sl 42.11; 139.16; Dn 7.15; Zc 12.1; Mt 10.28; Lc
1.46,47; 1 Co 14.14,15).
O próprio Jesus
Cristo, o Filho de Deus encarnado — plenamente homem e plenamente Deus —
possuía essa constituição (Lc 24.39; Jo 12.27; Lc 23.46). A primeira divisão —
as partes material e imaterial — é explicitamente apresentada no ato de
formação do homem: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em
seus narizes o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7).
3. Físico e
espiritual. O processo formativo usado pelo Criador, que é Espírito (Jo 4.24),
foi constituído de uma combinação única: o elemento físico (pó da terra) com o
elemento espiritual (o sopro divino), tornando o homem um ser vivente diferente
de todos os demais.
Os anjos são
seres espirituais, porém sem corpo material (Sl 33.6; Hb 1.13,14). Os animais
não possuem a parte imaterial que há no homem (alma e espírito). A “alma” do
animal (sua vida) se restringe ao corpo e se esvai com ele (Lv 17.12-14).
Já o termo
hebraico para “vida”, em Gênesis 2.7, alusivo ao homem, é chayim (no plural),
permitindo a expressão literal “fôlego das vidas”. Isso pode significar que, em
um único substantivo, o texto sagrado esteja aludindo implicitamente à vida do
espírito humano, da alma humana e do corpo humano.
SINÓPSE I
O ser humano
foi criado por Deus com uma natureza tricotômica — corpo, alma e espírito —
revelando seu propósito e dignidade única na criação.
II – A
DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
1. A alma. Do
hebraico nephesh e do grego psyché, “alma” é uma das muitas palavras
polissêmicas da Bíblia — possui vários significados. Aparece 755 vezes somente
no Antigo Testamento. Seu primeiro sentido é “ser vivo”, como em Gênesis 1.20:
“alma vivente”. Nesta acepção, a palavra “alma” é usada também para os animais
(Gn 1.24) e significa simplesmente “vida”.
A distinção
entre a alma do homem e a do animal é evidenciada no processo criativo:
procedente do sopro de Deus (Gn 2.7), a alma do homem constitui uma substância
espiritual, incorpórea, invisível e imortal (Dn 12.2; Mt 25.46; Lc 16.22-25; Ap
20.4). É dotada de razão, sentimento e vontade — atributos dados por Deus ao
homem para o exercício de sua missão (Gn 1.28), especialmente sua vocação
relacional com o Criador e com os semelhantes (Gn 2.15-24; 3.8). Isso, aliás,
decorre do fato de o homem ser um ser pessoal, criado à imagem de Deus (Gn
1.26).
2. O espírito. Do
hebraico ruah e do grego pneuma, o espírito do homem provém de Deus e constitui
sua principal dimensão. É por meio dele que mantemos nossa comunhão com o
Criador, o Pai dos espíritos, e o adoramos (Hb 12.9; Jo 4.23,24). Junto com a
alma, e inseparável dela, compõe a parte imaterial do ser humano. É o “homem
interior” que, na linguagem do apóstolo Paulo, aparece algumas vezes em
contraste direto com o corpo, o homem exterior (Rm 7.22-25; 2 Co 4.16-18; Ef
3.16-19). Como ensina o pastor Antônio Gilberto, em sua Bíblia com Comentários,
“à luz das Escrituras, o espírito é a fonte da vida recebida de Deus. O
espírito usa e transmite essa vida à alma, que, por sua vez, a expressa por
meio do corpo, utilizando seus sentidos físicos para explorar o mundo exterior
e dele receber as necessárias impressões”. São três elementos que formam um
único ser ou pessoa.
SINÓPSE II
A distinção
entre alma e espírito, mostrando que ambos compõem a parte imaterial do ser
humano, mas com funções diferentes na relação com Deus e com o próximo.
III – A
INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES
1. Corpo,
afetos e somatização. O corpo (gr. soma) é a parte material do ser humano, por
meio da qual comumente manifestamos os atributos da alma e do espírito.
Empregando o vocábulo “coração” (heb. leb; gr. kardia) — uma das principais
palavras que o Antigo e o Novo Testamentos usam como sinônimo de alma —,
Salomão bem identificou essa interação ao afirmar: “O coração alegre aformoseia
o rosto” (Pv 15.13); “O coração com saúde é a vida da carne” (Pv 14.30); “O
coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos”
(Pv 17.22). Identificados como doenças psicossomáticas a partir do século XX,
muitos problemas físicos decorrem de crises da alma (e também do espírito,
inclusive pecados, cf. Sl 31.9,10; 32.1-5). E como se multiplicam em nossos
dias!
2. Equilíbrio e
saúde. Da mesma forma que o corpo padece por causa de disfunções da alma e do
espírito, estes também sofrem por problemas do corpo — naturais ou não. A
língua é um dos membros que mais produzem angústias ao ser humano (Pv 18.7,21;
21.23). Tem o nefasto poder de contaminar a pessoa por inteiro (Tg 3.6). Um
viver santo e equilibrado requer constante vigilância e oração, preservando
corpo, alma e espírito de toda a espécie de males, o que inclui cuidados
físicos e relacionais saudáveis (Cl 3.5-9; Ef 4.25-32; 6.18).
Quanto à
crescente busca por medicamentos como solução para todo tipo de problema
emocional, é preciso discernimento e cautela. O acompanhamento médico e
psicológico é importante em situações clinicamente diagnosticadas, mas, quando
o problema tem origem espiritual — como crises produzidas por pecados não
confessados —, os medicamentos não resolvem; no máximo, aliviam os sintomas.
Arrependimento e abandono do pecado são essenciais para a verdadeira cura da
alma (Cl 3.8; Ef 4.31; Tg 4.6-10; 2 Cr 7.14; Is 53.4,5).
SINÓPSE III
O corpo, a alma
e o espírito estão interligados. O equilíbrio entre essas dimensões é essencial
para uma vida cristã saudável e plena diante de Deus.
CONCLUSÃO
Uma correta
compreensão espiritual acerca do homem, de sua constituição e propósito é
fundamental para uma vida cristã equilibrada (1 Co 2.14,15). Mesmo as almas
mais piedosas não encontram verdadeira paz e alegria senão em Deus, o seu
Criador (Sl 42.1; Jo 14.27), pois “a alegria do Senhor é a [nossa] força” (Ne
8.10).