Lição 3 - O Corpo e as consequências do pecado - EBD CPAD 2025 4º Trimestre
Nesta lição,
destacaremos as consequências do pecado sobre o corpo humano, conforme a
perspectiva bíblica apresentada. Ao abordar temas como sofrimento,
envelhecimento e esperança na glorificação, você guiará seus alunos a
compreenderem o impacto da Queda e a Redenção oferecida por Cristo.
TEXTO ÁUREO
“No suor do teu
rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado,
porquanto és pó e em pó te tornarás.”
(Gn 3.19)
VERDADE PRÁTICA
O pecado do
primeiro Adão afetou o homem no corpo, na alma e no espírito. Mas a Redenção em
Cristo, o último Adão, tem o poder de restaurá-lo plenamente.
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Gênesis
3.17-19; Eclesiastes 12.1-7
17 - E a Adão
disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que
te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com
dor comerás dela todos os dias da tua vida.
18 - Espinhos e
cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo.
19 - No suor do
teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste
tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.
Eclesiastes 12
1 - Lembra-te
do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e
cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;
2 - antes que
se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens
depois da chuva;
3 - no dia em
que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os
moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas;
4 - e as duas
portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à
voz das aves, e todas as vozes do canto se baixarem;
5 - como também
quando temerem o que está no alto, e houver espantos no caminho, e florescer a
amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se
vai à sua eterna casa, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;
6 - antes que
se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o
cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço,
7 - e o pó
volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.
INTRODUÇÃO
Gênesis nos
apresenta os terríveis efeitos do pecado em toda a Criação. O homem
experimentou de forma imediata a separação espiritual de Deus, manifestada no
senso de culpa e na reação à presença do Criador após a primeira transgressão
(Gn 3.6-10). Não muito depois a morte física entrou na história humana,
começando por Abel (Gn 4.8). Os impactos do pecado no corpo, a parte material
do ser humano, é o assunto desta lição.
PALAVRA-CHAVE
Pecado
I – DA
PERFEIÇÃO À MORTE
1. A certificação divina.
O homem foi criado perfeito pelas mãos do Criador em toda a sua constituição,
incluindo o corpo (Ec 7.29). Além da perfeição fazer parte da natureza divina
(Dt 18.13; 2 Sm 22.31), o próprio Deus — após a criação do homem — certificou a
qualidade de sua obra: “[...] e eis que era tudo muito bom” (Gn 1.31). Havia
plenitude de vida no primeiro casal. Adão e Eva viviam em completa harmonia com
Deus, consigo mesmo, entre si e com a natureza. Quão aprazível era esse
maravilhoso estado original! Afetada pelo pecado, nossa mente não consegue
descrevê-lo, assim como não temos compreensão plena da glória futura, na
restauração de todas as coisas (Rm 8.18-23; 1 Co 2.9; 13.12; 1 Jo 3.3).
2. Pecado e dor.
A indizível sensação de bem-estar que o homem desfrutava era proveniente da
vida que recebera de Deus e fluía em todo o seu ser (Gn 2.7,25; Jó 33.4). O
pecado trouxe a incômoda experiência da dor, provocada por fatores espirituais,
emocionais e físicos (Gn 3.7-19). Um complexo de alterações que vão da perda da
comunhão com Deus (e da restrição à árvore da vida) à vivência em um ambiente
agora adverso, amaldiçoado por causa da transgressão de Adão (Gn 3.17,18, 22-24). Em meio a tudo isso, o corpo passou a padecer e se degenerar,
até cumprir a sentença final: o retorno ao pó (Gn 3.19). Por mais que se cuide
dessa matéria, depois da Queda o caminho natural da vida é o envelhecimento e a
morte (Ec 12.1-7).
3. Velhice, autenticidade e gratidão.
Dentro do grave quadro de adoecimento mental que marca a sociedade hoje, um novo transtorno tem sido diagnosticado: a gerontofobia, um terrível e mórbido medo de envelhecer, que causa ansiedade e produz comportamentos incompatíveis com a idade. A Bíblia fala da velhice de uma forma natural, clara e direta, ressaltando seu valor e honra (Lv 19.32; Jó 12.12). Enquanto isso, assiste-se a uma cultura de negação dessa fase da vida, a começar pela rejeição da palavra “velho”. Cuidar de si é muito importante, mas é preciso ser sábio e viver todas as fases da vida de maneira autêntica, em profunda gratidão e temor a Deus (Ec 8.5,6; 12.13). Precisamos reconhecer as características e a importância de cada etapa de nossa existência (Pv 20.29).
SINÓPSE I
O ser humano
foi criado em perfeição, mas o pecado trouxe dor, envelhecimento e a morte
física como consequência da Queda.
1. Corpo e
livre-arbítrio.
Como
consequência de sua transgressão, Adão e Eva passaram a conhecer não somente o
bem, mas também o mal (Gn 3.22), e todos os seus descendentes nascem inclinados
ao pecado (Gn 6.5, 12; Rm 5.12). Mas apesar de o pecado ter desfigurado a imagem
de Deus no homem, não a aniquilou (Gn 9.6; Tg 3.9). Um dos significados disso é
que o ser humano continua dotado de livre-arbítrio (Dt 30.19, 20). Somos
responsáveis pelo uso de nosso corpo, para o bem ou para o mal. Como disse Deus
a Caim: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o
pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4.7).
2. A
potencialização do sofrimento.
Além das
consequências naturais decorrentes do pecado original, o corpo também sofre
impactos das transgressões que o ser humano pratica ao longo da vida, inclusive
contra si mesmo (Lm 3.39; Rm 1.24; 1 Co 6.18). Essa potencialização do
sofrimento decorre das obras da carne (gr. sarx: natureza pecaminosa) (Gl 5. 19-21). É a manifestação do espírito de inimizade contra Deus, que Satanás, a
antiga serpente, instilou no coração humano ainda no Éden (Gn 3.1-6; Tg 4.1-4;
Ap 12.9). Esse quadro de corrupção foi observado logo nas primeiras gerações e
somente se agrava (Gn 6.1-5; Mt 24.12, 37; 2 Tm 3.13). As drogas são um dos
instrumentos de profunda degradação do corpo. As práticas sexuais ilícitas
também crescem. Crianças e adolescentes são os mais vulneráveis, e dependem
cada vez mais de um vigilante, amoroso e firme cuidado dos pais, no temor do
Senhor (Pv 3.12; 4.10-15; 14.27; Ef 6.4). Qualquer negligência pode resultar em
gravíssimas consequências.
SINÓPSE II
Mesmo após a
Queda, o ser humano possui livre-arbítrio e é responsável por suas escolhas que
afetam o corpo e a vida diante de Deus.
III – DO
ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO
1. A realidade
das enfermidades.
Com o pecado,
as doenças também passaram a fazer parte da vida humana. Elas surgem no
processo de degeneração dos órgãos e sistemas do corpo por causas internas e
externas, e estão entre os fatores que levam o ser humano de volta ao pó (Gn 3.19). Ninguém está imune ou isento de sofrê-las; nem mesmo os cristãos. Paulo
menciona seu cooperador Trófimo, que deixara doente em Mileto (2 Tm 4.20). A
Timóteo recomendou: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por
causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Tm 5.23). Tudo
indica que o jovem pastor tinha um corpo debilitado por algumas doenças,
provavelmente distúrbios gástricos. Jesus tem poder para nos curar de todo o
mal (Is 53.4; Mt 4.23; Hb 13.8), mas precisamos ter serenidade, paciência e
firmeza na fé se enfrentarmos sofrimentos persistentes (Jó 1.20-22;19.25).
2. Enfado e
canseira.
Mesmo que o
corpo não seja abatido por doenças, o próprio processo de envelhecimento traz
canseira e enfado (Sl 90.10). Limitações e fraquezas surgem ao longo da vida,
alterando toda a estrutura humana. Ter consciência disso é importante para
nosso autoconhecimento, como já vimos, mas é essencial também para uma
convivência cristã sem orgulho ou acepção de pessoas (Tg 2.1; Gl 6.10). Ricos e
pobres são como a erva que seca e a flor que murcha e cai (Tg 1.9-11; 1 Pe 1.24). Promover a comunhão entre todos é missão fundamental da igreja (At 2.42-46).
3. O corpo
glorificado.
A esperança do
salvo por Cristo que vive em santificação é de uma Redenção completa, inclusive
do corpo (Rm 8.23). É o aspecto futuro da salvação, a glorificação. Nosso corpo
abatido será transformado para ser conforme o corpo glorioso de Cristo, segundo
o seu eficaz poder (Fp 3.20,21). O verbo “transformar” nesse texto é
metaschematizo, no grego, e significa “mudar a forma”. Será a mudança do corpo
terreno, carnal e mortal, para o celestial, espiritual e imortal, semelhante ao
de Cristo Jesus, o Homem Perfeito (1 Co 15.40-49; Rm 8.29).
SINÓPSE III
Apesar das
enfermidades e limitações do corpo, o crente tem a esperança da glorificação,
quando seu corpo será transformado à semelhança de Cristo.
CONCLUSÃO
Apesar de todo o abatimento e sofrimentos que experimentamos em nosso corpo como consequência do pecado e de nossas próprias transgressões, em Cristo temos a certeza de uma Redenção completa, conquistada por sua obra perfeita na cruz do Calvário. Ele nos dará um novo corpo, eternamente transformado e saudável (Ap 21.4-6; 22.2).